domingo, junho 25, 2006

bombons chineses

Um dia em que ele cantava acompanhando Caymmi na vitrola, enquanto eu dançava na cama, perguntei o que lhe faria mais feliz em seu aniversário. E ele: quero que você seja minha namorada, quero esse troço que chamamos de amor. Meu rosto esvaziou-se, respondi que era careta isso de namorados, os homens tinham necessidade de outra coisa. Emudeceu. Aproximei-me, bruscamente refeita, coloquei a cabeça sobre seu ombro e expliquei: ouça, há várias formas de amor, você será sempre um frustrado se procurar apenas uma.

terça-feira, junho 20, 2006

"Solilóquio sem fim e rio revolto" - Jorge de Lima

E tudo num refrão atormentado:
Memória, raciocínio, descalabro...
Há também a janela da amplidão.

sexta-feira, junho 02, 2006

Situações incômodas (ou ninguém merece)

1) Entregar uma carta de amor, cheia de sentimento, e receber de resposta:
- Nossa, como você escreve bem.

2) Passar o dia dos namorados em um jantar romântico beneficente - com os pais!

quinta-feira, junho 01, 2006

... uma espécie de bem-aventurança...

"Eu fui obrigada a conhecer o avesso do mundo. Pra sobreviver à dor de não entender o que tinha acontecido, À dor de te perder, tudo. Eu tive que nascer pra vida da cidade. Não a vida social, mas a vida da cidade e de seus cantos esquecidos. O lixo do lixo. Eu me perdia pela cidade, anônima, e esse anonimato era um vício. Eu não ter meu nome me absolvia de tudo. Eu me embebedava do desejo cego por qualquer um... E assim, eu me iniciei na solidão coletiva dos que não têm nada a perder. Mas, talvez, eu tenha até mais que os outros a tentação de corresponder ao bem. Uma tentação tão grande e absoluta, um desejo de corresponder de forma tão total, que paradoxalmente me tornou e me torna escrava cega de minha escuridão. E quando essa escuridão me possui, eu até a confundo com uma espécie de bem-aventurança." (Texto de Fauzi Arap, extraído do Programa de Espetáculo do show Pássaro da Manhã - 1977, de Maria Bethânia)
* * *
Quando você disse aquelas verdades, e me pediu um pouco mais de alma, e estremeceu diante de tanta frieza, eu não soube explicar. Por que quero deixar nosso mundo de lado se ele ainda arde? Medíocre que sou, prefiro a solidão coletiva dos que não têm nada a perder.