segunda-feira, maio 14, 2007

frente quente

Porque a felicidade infla de branco e quente qualquer espaço oco de manhã ao seu lado. Estoura sonora e sorri, fracionando em dentes pequenas promessas de amanhã.
Nuvens, quase tão brancas quanto dentro (não fosse este resto de cinza da cidade) bóiam num céu azul claríssimo atrás das janelas e prédios; flutuam pra longe, vão desfazer-se em chuva, a inundar jardins.
E lá - ao fundo (vê?) um arco-íris se ergue entre os olhares.

domingo, maio 06, 2007

choro bandido

Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
Serão bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo miseráveis os poetas
Os seus versos serão bons
Mesmo porque as notas eram surdas
Quando um deus sonso e ladrão
Fez das tripas a primeira lira
Que animou todos os sons
E daí nasceram as baladas
E os arroubos de bandidos como eu
Cantando assim:
Você nasceu para mim
Você nasceu para mim

Mesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim
Me leve até o fim

Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
São bonitas, não importa
São bonitas as canções
Mesmo sendo errados os amantes
Seus amores serão bons