quinta-feira, março 23, 2006

breve reflexão sobre o fato de que às vezes eu me perco

Há raros instantes de plenitude em que consigo admirar a vida de tal modo que as preocupações se esvaem tranqüilamente, como se não houvesse qualquer motivo para um dia terem existido. Porém, num repente que vem depois de alguns segundos ou pouquíssimos minutos, e que já passa a ser previsível, também se desfaz em mim o conforto de não ter mais angústias.
Penso que se pudesse ser mais rápida que a passagem desses momentos preciosos por mim, talvez conseguisse arquivar no meu corpo, passo a passo, o trajeto que faz meu pensamento até encontrar em algum lugar dentro de mim essa paz que eu tanto preciso.
Tenho dedicado esforços grandiosos na tentativa de aprender como reproduzir essa sensação no meu corpo, como se fosse um movimento de dança. Tendo-a sob meu domínio, eu jamais me perderia em desesperos.
Como é que se conserva sensações?

terça-feira, março 21, 2006

Lygia Fagundes Telles - Lua Crescente em Amsterdã

"Tinha lá em casa uma estatueta com um anjo nu fervendo de desejo apesar do mármore, todo inclinado para a amada seminua, chegava a enlaçá-la. Mas as bocas estavam a um milímetro do beijo, um pouco mais que ele baixasse... A aflição que me dava aquelas bocas entreabertas, sem poder se juntar".

domingo, março 19, 2006

Clariceando - Água Viva

Eu, que vivo de lado, sou à esquerda de quem entra. E estremece o mundo. Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.
Sou um coração batendo no mundo.
Sou herege. Não, não é verdade. Ou sou? Mas algo existe.