quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Costuras

No fundo de um quarto
decorado apenas com noite
uma poltrona e um gemido
contra o vitrô

O homem deixa cair o copo, e antes que toque o piso e se expanda, sai dele uma mulher despejada como líquido de cores. Seu vestido e seu cabelo salpicam lentos o trajaeto da queda. É minha mulher caracol. Bela mas no final, se sente o roçar de uma mão nova se estira como sirena e arqueia o dorso. Morna, sua língua desenha rastros que tempos depois, quando te deixe, serão ácidos. Teus dedos poderiam puxar o cabelo e tua boca beijar seus lábios (todos os lábios unem). Mas quando não puder conter mais o grito, seu corpo de cores retornará a suas curvas e suas voltas. Se enroscará em um prazer último e te esquecerá em um sonho profundo.
( De Maria Eugenia Lopez, tradução de Virna Teixeira)