domingo, dezembro 10, 2006

Se eu pudesse mais flores

Não demorou para que eu nos reconhecesse no centro da arena. Entretanto, meu arrepio era vago, misto de orgulho de mãe, tietagem de amiga, euforia de espectadora alegre e melancólica. Como das outras vezes em que te aplaudi, vibrei de entusiasmo com os movimentos exatos e a poesia calada, admirando há todos esses anos tua intimidade com o corpo e palavras.
Das flores, maravilhei-me com a criação intensa, feminina, universal. Pude ler-me.
E a revelação veio hoje pela manhã, ao despertar frágil, desesperada por compreender a necessidade de apoiar-me e a negação. Medo de me oferecer inteira e ao mesmo tempo de estar só, deslizando angustiada num palco vazio.
(Se não fosse esse imenso e difícil desabrochar, não fosse esse abismo que criei, eu já o teria convidado a dançar meu bolero).
Está nas flores o amor. Dançado. Cheio de pés fora do chão, mãos que se precisam e se repelem, exaltações bruscas, delicadeza, corpos ofegantes, aflições, movimento. Um vendaval que se soltou, canto da mais doce voz: blá, blá, blá.
Obrigada, querida.

1 Comments:

Blogger Flávia Lucato said...

Palmas pra você. Eu que agradeço... a presença, a sensibilidade e a alegria que me dá ao ver o trabalho ganhando vida, forma e sentimento nas outras pessoas.

11/12/06 16:43

 

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