(na voz de maria rita seria "não vale a pena")
Não importava que aí dentro fosse quase nada. Bastava sentir-me recém saída da sua boca e pronto, a levíssima embriaguez de andarmos juntos, em qualquer lugar que eu estivesse. Um pouco quase sua, e de fato um tanto era, transbordando sozinha, sem querer nome ou sogra, apenas mais vertigem. Nunca esperei entender, ou ser o que já éramos, sequer ouvir. Ao mesmo tempo, admirava-me a intimidade que não tínhamos pra trocar pedaços de alma, apesar de tantas outras intimidades. Quis, com a coragem de um sonâmbulo que simplesmente vai. Até crescer. E então desejei mais que exigir somente beleza e cor: era preciso pingar limão nas minhas profundezas...
Aí tudo se transformou em não. E em lugar do atropelo dos apaixonados, estava seu todo mistério, violentando meu desesperado desejo. Assustada por ser tão pouco o que parecia mundo, pedi que fosse o fim, mas você insistiu em reparar nas minhas unhas vermelhas. Continuei gargalhando alto, ainda que agora me faltasse entusiasmo.
E, passo a passo, você foi passado ao acaso, à impassibilidade que nunca tive, à gaveta das histórias pela metade.
De repente, não mais que de repente.
Aí tudo se transformou em não. E em lugar do atropelo dos apaixonados, estava seu todo mistério, violentando meu desesperado desejo. Assustada por ser tão pouco o que parecia mundo, pedi que fosse o fim, mas você insistiu em reparar nas minhas unhas vermelhas. Continuei gargalhando alto, ainda que agora me faltasse entusiasmo.
E, passo a passo, você foi passado ao acaso, à impassibilidade que nunca tive, à gaveta das histórias pela metade.
De repente, não mais que de repente.
2 Comments:
Marselhesa querida!
Lindo o texto! Li, reli e re-reli.
Gostei por demais. O da Frávia tbm está demasiado!!! Olha tô com vergonha de ter aparecido por aqui só a essa altura do campeonato. Desculpa aí meninas. Mas vc´s sabem bem (e muito bem)como são difíceis essas coisas. E eu estou estanque, em compaso de espera, botei o dedo no buraco da ampulheta. Esvaziei-me de tal modo, que se só posso escrever: sístole, diátole, suspiro. Meu corpo vive, mas eu-eu não. E se não for prá trocar pedaços de alma não vale a pena, não é mesmo Marcela?
Vixe! Mas como acabei de descobrir que o que estou fazendo comigo é imoral, e eu pudica que sou( disfarçada de hedonista mundana) vou logo me limpar disso tudo, dessa mácula e começar a postar por aqui, palavras da mestra: O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo. (Clarice Lispector) ...
bjos
n.c.
19/4/06 13:43
nossa, muito intenso, muito feminino, voltarei...
10/5/06 00:34
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