Daqui por diante
(...) Decidiu, ponto. Como arrumar a cama. Como limpar as gavetas. Como empilhar a louça.
Botou na cabeça. Como quem bate a porta. Como quem desliga o telefone na cara.
Pronto. Como desistir de um curso. Como abandonar uma viagem.
Sem recurso. Sem direito de resposta. Sem pensar duas vezes.
Você vomitará inteiro seu amor por mim. Com os dedos na garganta.
Você deixará o banho transformada. Sem nenhuma lembrança da praça e da noite em que tremia de frio.
Recomeça o ano com um caderno mais bonito do que sua letra.
Sofrerá um pouco de contrariedade no início. Como um vício. Após a primeira semana passa. Acredita que passa.
Você pedirá atestado médico. Para não ir ao trabalho desse amor. Ao expediente desse amor.
Você fará quimioterapia desse amor. Arrancará o cancer desse amor. Arrancará o caroço de minhas mãos de seus seios. Arrancará o pressentimeto do meu braço de seus ombros.
Nenhuma choradeira. É natural desamar. Como espantar insetos com o calor. Como recusar esmolas no sinal. (...)
(fabrício carpinejar, canalha!)
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